Informações
Cobrindo cerca de 2 milhões de Km² do território nacional;
incluindo os campos rupestres, é constituído por diversos tipos
de vegetação savânica que diferem entre si pela abundância
relativa de espécies rasteiras e espécies de árvores e
arbustos, abrangendo desde formas campestres (campo limpo) até
formas florestais (cerradão). A expansão agropecuária à
taxa de 3% ao ano, em termos de superfície, já determinou a
perda de 40% da vegetação original e mais de 50% do bioma
está submetido a algum tipo de manejo econômico. (I
Relatório para a Convenção sobre Diversidade Biológica
do Brasil - 1998)
A área nuclear ou core do Cerrado está distribuída, principalmente, pelo Planalto
Central Brasileiro, nos Estados de Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do
Sul, parte de Minas Gerais, Bahia e Distrito Federal, abrangendo 196.776.853 ha.
Há outras áreas de Cerrado, chamadas periféricas ou ecótonos, que são transições
com os biomas Amazônia, Mata Atlântica e Caatinga.
Os Cerrados são, assim, reconhecidos devido às suas diversas formações
ecossistêmicas. Sob o ponto de vista fisionômico temos: o cerradão, o cerrado
típico, o campo cerrado, o campo sujo de cerrado, e o campo limpo que apresentam
altura e biomassa vegetal em ordem decrescente. O cerradão é a única formação
florestal.
O Cerrado típico é constituído por árvores relativamente baixas
(até vinte metros), esparsas, disseminadas em meio a arbustos, subarbustos e uma
vegetação baixa constituída, em geral, por gramíneas. Assim, o Cerrado contém
basicamente dois estratos: um superior, formado por árvores e arbustos dotados de
raízes profundas que lhes permitem atingir o lençol freático, situado entre
15 a 20 metros; e um inferior, composto por um tapete de gramíneas de aspecto
rasteiro, com raízes pouco profundas, no qual a intensidade luminosa que as
atinge é alta, em relação ao espaçamento. Na época seca, este tapete rasteiro
parece palha, favorecendo, sobremaneira, a propagação de incêndios.
A típica vegetação que ocorre no Cerrado possui seus troncos tortuosos, de baixo
porte, ramos retorcidos, cascas espessas e folhas grossas. Os estudos efetuados
consideram que a vegetação nativa do Cerrado não apresenta essa característica
pela falta de água "pois, ali se encontra uma grande e densa rede hídrica"
mas sim, devido a outros fatores edáficos (de solo), como o desequilíbrio no teor
de micronutrientes, a exemplo do alumínio.
O Cerrado brasileiro é reconhecido como a savana mais rica do mundo em
biodiversidade com a presença de diversos ecossistemas, riquíssima flora com mais
de 10.000 espécies de plantas, com 4.400 endêmicas (exclusivas) dessa área..
A fauna apresenta 837 espécies de aves; 67 gêneros de mamíferos, abrangendo 161
espécies e dezenove endêmicas; 150 espécies de anfíbios, das quais 45 endêmicas;
120 espécies de répteis, das quais 45 endêmicas; apenas no Distrito Federal,
há 90 espécies de cupins, mil espécies de borboletas e 500 espécies de abelhas e
vespas.
Até a década de 1950, os Cerrados mantiveram-se quase inalterados. A partir da
década de 1960, com a interiorização da capital e a abertura de uma nova rede
rodoviária, largos ecossistemas deram lugar à pecuária e à agricultura extensiva,
como a soja, arroz e ao trigo. Tais mudanças se apoiaram, sobretudo, na
implantação de novas infra-estruturas viárias e energéticas, bem como na
descoberta de novas vocações desses solos regionais, permitindo novas atividades
agrárias rentáveis, em detrimento de uma biodiversidade até então pouco alterada.
Durante as décadas de 1970 e 1980 houve um rápido deslocamento da fronteira
agrícola, com base em desmatamentos, queimadas, uso de fertilizantes químicos e
agrotóxicos, que resultou em 67% de áreas do Cerrado "altamente modificadas", com
voçorocas, assoreamento e envenenamento dos ecossistemas. Resta apenas 20% de
área em estado conservado.
A partir da década de 1990, governos e diversos setores organizados da sociedade
debatem como conservar o que restou do Cerrado, com a finalidade de buscar
tecnologias embasadas no uso adequado dos recursos hídricos, na extração de
produtos vegetais nativos, nos criadouros de animais silvestres, no ecoturismo e
outras iniciativas que possibilitem um modelo de desenvolvimento sustentável e
justo.
As unidades de conservação federais no Cerrado compreendem:
dez Parques Nacionais, três Estações Ecológicas e seis Áreas de Proteção Ambiental.
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